Tem um conceito de jornada cíclica, presente nos mitos, chamado de “monomito”, ou ainda, “jornada do herói.”
Em síntese, a jornada do herói consiste em partida; descida e retorno.
Normalmente, a partida se dá quando, no seu mundo conhecido e cotidiano, o herói recebe um chamado para o enfrentamento, um convite para a aventura.
Depois, já encaminhando-se para a metade da jornada, durante a descida do herói rumo ao desconhecido, os perigos aparecem, as dúvidas e as adversidades se multiplicam. Será que vai dar?
Finalmente, em seu retorno, o herói rompe o limiar tênue que o separa da derrota e volta, triunfante, para seu ponto de partida como um vitorioso que encarou o desconhecido e teve êxito.
Vocês podem ver estes elementos no cinema e nos livros, por exemplo. Mas também podemos vê-lo acontecendo bem debaixo do nosso nariz, ali na Padre Cacique, mais precisamente dentro do estádio Beira-Rio.
Odair vive sua própria jornada do herói. Começou o campeonato aceitando o desafio e já passou pela primeira parte da empreitada com êxito. Agora, paira sobre ele a dificuldade de remobilizar o time, a incerteza de conduzir o escrete para um nível mais competitivo e eficaz de praticar futebol, o murmúrio da torcida e da imprensa e, como se isso não bastasse, rivais que parecem mais fortes neste momento. Odair precisa de soluções. Precisa criar novas soluções. Precisará enfrentar seu maior oponente.
Restará, na etapa final do Campeonato Brasileiro de 2018, ao Odair, superar seu próprio limite, vencer sua própria tentação, suplantar adversidades que se acumulam para que ele possa entrar no último ciclo da jornada do herói e regressar glorioso para casa.
Eis, aqui, o caminho e os duelos que Odair terá:
Inter x Vitória
Sport X Inter
Inter x São Paulo
Inter x Santos
Vasco x Inter
Inter X Atlético PR
Ceará x Inter
Inter x América MG
Botafogo x Inter
Inter x Atlético MG
Inter x Fluminense
Paraná x Inter
São doze jogos. São doze finais. São incontáveis cálculos e projeções. São milhões de almas coloradas aguardando redenção. O objetivo se afigura possível e os louros da vitória, a eternidade do nome vencedor que a história registrará também estão ao alcance de Odair Hellmann e seus comandados.
Todavia, Odair precisará vencer o maior de seus inimigos se quiser completar sua jornada heroica com sucesso. Precisará vencer a si mesmo.
Precisará, também, se desvencilhar dos péssimos conselheiros chamados “medo de vencer” e “falta de ousadia”, os quais são comandados pelo não menos danoso “conforto de saber que já fizeram mais do que o inicialmente previsto”, e acreditar que é possível derrotar seus adversários e completar o percurso com ganas de erguer o troféu.
E então, neste dia, ele será, sim, um herói. Que venha o Vitória!
Rafael Mallmann.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Te expressa, vivente!