Então é greNal.

Alooooooooou gentchi vermelha do bem!

Aki é Clei, o novo escritor do blog!

Dá uma bizoiada no meu conto de estreia em ritimu de grenal.

<3

Lugar: Porto Alegre

Época: um daqueles anos opacos do Inter.

Sábado, começo da tarde. Uma ruela do centro está às moscas. Só se ouve a algazarra que vaza de dentro de um prédio antigo. É o recreio do cursinho de english (naqueles tempos ainda não eram online). A moçada enclausurada no local está se dilacerando em disputas veladas por posições altas na pirâmide social que determinará quem vai traçar quem.

A mina mais popular e, por supuesto, mais gostosa dali está eufórica. O contraste entre seu lindo e largo sorriso com dentes de marfim, seu corpo dourado e seus cabelos descoloridos dá a impressão de que o sol naquela tarde decidiu estacionar no corredor. A beldade exala feromônios a quilômetros de distância. Está vestino uma nano-saia enlouquecedora e uma baby-look vintage do Grêmio. As gargalhadas histriônicas desta vênus platinada são fruto da vitória do seu time de coração. A tricolor fanática está exultante com o resultado do primeiro grenal da decisão. Não bastasse isso, a grande vantagem foi obtida dentro do “planeta dos macacos”. O jogo de volta parece ter favas contadas.

A flauta dos gremistas liderados pela prenda era tamanha que alguns dos colorados ficaram visivelmente revortado. Os mais fracos de espírito já tinham capitulado e ido embora pra casa. Diante do riso histérico da matilha de hienas azuladas, um bravo e belo e intrépido rapaz decide ir miticamente pro play no counter-strike da vida real e encara o entrevero de peito aberto.

Ele era um daqueles mano sangui baum de low profile. Era da tchurminha do fundo de sala e estava mais interessado no brick de livros e discos com os seus chegados do que naquela modorrenta aula em que o teacher não parava de papagaiar que “the book is on the table”. Poucos instantes atrás estava feliz. Conseguira colocar as garras num cd com gravações ao vivo do Joe Satriani. Pena que a alegria durou poko.

Futebolisticamente falando, ele era um colorado que se tornou “não-praticante” depois de atonitamente testemunhar o escárnio do Kidiaba em Dubai. De lá pra cá, o noticiário do Inter era acompanhado à distância, sem emoção.

Porém, gremistas falando mal do Inter era pecado... capital! Inda mais naquela rodinha de esnobes filhinhos de papai. Quem esses bostinhas pensam que são? As risadas encharcadas de decibéis feriam ouvidos e coração, principalmente aquelas saídas dos lábios carnudos da deusa vestida de pijama azul e preto, a garota que sempre fez questão de demonstrar que jogava em outra liga, mas que tantas vezes fora homenageada nos momentos de solidão deste colorado valente de alma nobre.

Dominado pelo sangue efervescente que praticamente corroía suas veias, iniciou a pelea bradando:

- NUBIA, PARA DE FALAR MERDA, GURIA! Se tu acha de verdade que o teu time já é campeão, vamos fazer uma aposta. Se o Inter ganhar esta final, nós vamos no cinema, e tu paga o meu ingresso. Se o Grêmio ganhar, eu pago o meu e o teu!

Tamanha ousadia do valoroso varão foi seguida por um silêncio sepulcral de vários segundos que mais pareciam horas. Olhos arregalados e incrédulos alvejaram o herói de alto a baixo. Nubia percebeu que a aparente malícia da aposta ingenuamente desnudava as verdadeiras intenções do rapaz. Foi a vez dela pensar “quem esse bostinha pensa que eh?”. A manda-chuva da quebrada nunca poderia ser vista no cinema com um cara tão estranho e tão tímido. Agora que o idiotinha teve coragem de se abrir na frente da galera, merecia ser punido pra ver a real.

Ela decidiu cantar a aposta nas regras dela. Acreditava piamente no Grêmio, inda reforçada pelo reencontro do clube com o seu maior ídolo histórico e não via problema em dar a falsa concessão pro cinema, mas o castigo do gurizinho colorado sará maligrino. Com toda a maldade típica das muiê bonita que sabem que são bonita e que fazeim questão de amostrar que sabem disso a todos, a loraça belzebu disparou jocosamente seu veneno capaz de gangrenar em minutos um alazão puro sangue:

-Ah! Ah! Tu acha mesmo que vai conseguir me levar pro cinema desse jeito? Tu não passa de um loser! Vamos combinar assim. Se o teu timeco ganhar, eu deixo você pagar o meu ingresso. Agora, se o imortal levar, tu vai ter que rebolar de bikini vermelho em cima da mesa... na festa da Ana... E EU VOU FILMAR TUDO E COLOCAR NO YOUTUBE!

Neste momento o incauto colorado viu que tinha se jogado numa arapuca. Se amarelasse, seria o alvo de todas as piadas para sempre. Se perdesse a aposta, teria seu nome ainda mais achincalhado. Pra piorar, ganhar era muito deficeo. O Inter havia trocado seu treinador fazia pouco tempo. O time estava derrapando em todos os jogos. O desvario foi tamanho que até Kenny Braga ficaria espantado.

O murmúrio começava a se transformar em galhofa quando a tréplica veio seca e impetuosa:

-Bah, bem capaz! Eu ganho o troço e tenho que pagar o teu ingresso? Que palhaçada! Se eu ganhar, tu vai pagar o meu ingresso e ainda vai pagar um jantar romântico antes do filme!

Ninguém podia acreditar naquela situação! O esquisitão era louco a ponto de topar o desafio!

Nubia ficou chocada, mas, afinal, não tinha chance de perder. Com voz hesitante concordou.

-Tudo bem, Clei! Tu é tapado demais pra entender a merda em que te meteu...

-Tapado é quem não conhece o peso da camisa vermelha em grenais!

A decisão do Gauchão ocorreria no dia seguinte à tarde. A festa da Ana, amiga paty de Nubia, logo depois, à noite. Foram 24 horas hard core pro Clei. Ele já cogitava caguetar os trafica do bairro onde morava pra tentiá a entrada num programa de proteção da políça e começar vida nova numa cidadezinha do Amapá. Todos os conhecidos só falavam da aposta tresloucada nas redes sociais!

Mas era chegado o momento de acreditar. Nada mais restava fora isso. Era a hora de se reconciliar com o Inter depois do trauma no Mundial. Correm as horas, surge o amanhã, radioso de luz!  Vamu, Inter! Me salva, D’Ale!

Clei fica kagado logo no começo do jogo. O que estava ruim ficara pior. Agora só um milagre... mas o Inter não jogava mal, tinha determinação! Depois de uma virada heróica com gol de jogador mancando num pé só kinenki saci, o título estava na mão do Inter! Foram 8, 9 minutos de êxtase quase sexual, mas aos 35 do segundo tempo uma falha individual bizonha mudou a parada. Outro frango pra coleção do goalkeeper, aquele memo do fiasco, do grande trauma cujachagas ainda sentia.

- Esse fia da puta vai me ferrar de novo?

Praticamente sem respirar nos próximos 30 minutos, nosso admirável torcedor colorado acompanhou a última reviravolta deste inacreditável episódio do clássico mais foda do mundo. Na decisão por pênalti o goleiro da equipa vermelha se redimiu, fez chover e garantiu a felicidade dos torcedores, e em especial de um, talvez o mais corajoso, o qual chorava e gritava:

- Me perdoa, Renan! Tu é frangueiro, mas é o cara, poraaaaaaaaaaaaaaaa!

Encurtando a prosa, Clei catou a lora de farmácia, exorcizou o demônio que habitava aquelas belas curvas e foi tri feliz com a chinoca. Os amigos do casal dizem que esse hit foi inspirado pela relação:

... e até hoje os colorados do cursinho cantum assim quano s’encontrum:

- Hey, hey, hey, Clei é o nosso rei!!!

(^^)

Estou grato pelo prazere de amostrar minha arte para este destintu publico do blog, ainda mais quano o Inter voltou pra liderança do brasileirão! Vamu, vamu, Inter! Só te peço este campeonato!!!

Querido fan club, esclaresso que infelizmente não vou poder estar trocando aquela ideia com a galera por enquanto. Fui banido injustamente em decorrênça da truculença do modera das latinha de polar. Desde já inicio a campanha #devolvamcleipropovo. Em breve a gentchi se esbarra por ae!

Colorado Clei.